O projeto aborda o acesso à habitação e a condições de vida adequadas para refugiados e outros migrantes em situação de vulnerabilidade em Portugal, identificando e analisando as especificidades da região do Algarve durante o (pós)COVID-19. Refere-se a uma abordagem multisectorial para compreender as dificuldades e abraçar oportunidades, tendo em conta as estratégias nacionais de descentralização num contexto em que o interior é fortemente desertificado e despovoado e o risco de pobreza é significativo. Além disso, o Algarve é a região portuguesa com o segundo maior número de migrantes, a seguir à capital. Por sua vez, a COVID-19 trouxe desafios adicionais ao colocar uma lente de aumento, por um lado, sobre uma miríade de problemas estruturais e da vida quotidiana, ao mesmo tempo forçando o distanciamento social, dificultando as interações e o apoio, e, por outro lado, sobre as más representações das migrações nos meios digitais, influenciando as opiniões.
O projeto visa reconhecer tensões rural-urbanas e paradigmas de habitação/acesso à terra nas cidades de média e pequena dimensão e nas zonas rurais do Algarve e as causas estratégicas, políticas e específicas que estão na origem da privação de vida. Procura também identificar capacidades locais inovadoras para a criação de oportunidades e resolução de problemas de acordo com as características sócio-espaciais existentes, estratégias municipais, estilos de vida, entre outras especificidades, e os atores que as promovem. A investigação vai ao encontro das últimas tendências na região de Lisboa para aprender com estas experiências, colocando o Algarve em perspetiva, tendo em conta dimensões como as necessidades económico-laborais, as pressões demográficas e imobiliárias. Este objetivo enquadra-se no esforço do projeto de discutir modelos de gestão e desenvolvimento territorial. O estudo também aborda as ligações partilhadas por importantes partes interessadas, incluindo alguns decisores políticos, assim como as várias ferramentas de comunicação que reforçam redes de conhecimento e atividades orientadas para a investigação-ação, identificando-se tendências e recomendações para o imprevisível futuro (pós)-COVID-19.
Os métodos esclarecem como utilizar as ferramentas de comunicação para fazer esta investigação sobre arquitetura-urbanismo e estão divididos em duas secções. A primeira diz respeito a – Como fazer? -, referindo-se (1) ao conhecimento da situação, (2) à escolha dos casos de estudo, (3) à identificação das suas especificidades, (4) à reflexão sobre alternativas, e (5) à realização de registos. A segunda secção explica – Como comunicar? – sendo a tarefa de partilha e disseminação da análise de dados apoiada por três ferramentas-chave – (1) website de projeto (com mapas, imagens e sons, podcasts, histórias de vida e manual digital), (2) vídeo documentário e (3) exposição artística – todas apontadas para analisar, restaurar e partilhar conhecimento, criar oportunidades, monitorizar ações e reforçar redes. O projeto também fará circular (4) produção científica e documental. Assim, utilizará ferramentas de media arte digital para, por um lado, produzir conhecimento empírico e científico e, por outro lado, apresentar os resultados da investigação, criando experiências interativas e imersivas sobre as migrações. Além disso, a utilização de ferramentas de media digital para apresentar resultados é um objetivo-chave do estudo, estando este alinhado com a estratégia da instituição de acolhimento (CIAC/UAlg).
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