A Conferência Internacional Artefacto surge da confluência de duas vontades –da Associação Artech e do CIAC, de criar um evento internacional que reunisse, não só as reflexões mais atuais sobre o universo da new media art mas que trouxesse também os próprios objetos sobre os quais se fala.

A arte feita a partir dos recursos digitais ou a partir da junção com as novas tecnologias, assume, ao longo dos últimos 50 anos, muitos nomes e formatos diversos. Anne Cauquelin, em 1992, conclui o seu livro Arte Contemporânea – Uma introdução, apresentando ao leitor uma nova forma possível de arte – a Arte Tecnológica. Se pensarmos que as relações entre a arte e a tecnologia começaram em 1952, com um concerto de música eletrónica realizado no MOMA, e que nos anos 60 vemos surgir eventos marcantes para a consolidação dessa relação, parece um pouco estranho estarmos a ser “apresentados” a uma nova modalidade da arte apenas em 1992. De facto, as relações entre as artes e as tecnologias foram se desenvolvendo um pouco à margem da História Oficial das artes, através de Festivais como o Ars Eletronica e do surgimento de galerias e/ou museus específicos, ainda nos anos 80. De um modo geral essa relação, por mais frutífera que tenha sido e continue a ser, gerou uma certa desconfiança, da mesma forma que a fotografia ou o cinema geraram na sua altura. Foi preciso que os artistas tomassem à frente e experimentassem os novos meios e provocassem a disrupção na lógica do discurso funcional e funcionalista, inerentes às máquinas.

Da mesma forma que as artes contemporâneas expandiram-se nas mais variadas direções, as artes, na contemporaneidade, que usam as tecnologias como ferramenta, médium ou dispositivo para as suas criações, assumem modalidades diversas, mais ou menos virtuais, mais ou menos interativas, mas sempre com o intuito de provocar no espectador uma reação que o leve a pensar sobre si mesmo, sobre o seu corpo e o seu papel no mundo que rapidamente se transforma, se expande e se contrai, num mundo que se dissolve em bits e em algoritmos.

O Artefacto 2020 traz-nos uma série de experiências da e na arte, além de um conjunto de reflexões sobre o fazer artístico atravessado pelas máquinas. A palavra latina, Artefactu, que significava feito com arte e que mais tarde adquire o sendo de algo produzido de forma mecânica, implica, em si mesmo a ideia da conjugação entre uma mão (e uma ideia) que age sobre as matérias e que articula conceitos e formas. E é sobre esta ação, e a discussão por ela gerada, que se debruça o Artefacto 2020. Num momento em que, mais do que nunca, é preciso repensar as relações que estabelecemos com a tecnologia e o papel que elas ocupam nas nossas vidas mediadas quotidianamente pelos milhares de ecrãs que nos rodeiam.

Editor: Bruno Mendes da Silva

Ano: 2020

Editor: Centro de Investigação em Artes e Comunicação

ISBN: 978-989-9023-33-8

Nº de Páginas: 246

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