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Hugo Paquete lança três álbuns que expandem os limites da escuta pós-digital e da composição sonora contemporânea


O compositor e investigador do CIAC Hugo Paquete revelou, durante o mês de julho de 2025, três álbuns digitais “YUGEN“, “No Body Lives Here (ODO)” e “COSMOS“, que consolidam o seu percurso artístico e académico na vanguarda da música experimental, da estética pós-digital e da investigação transdisciplinar em arte, ciência e tecnologia. Estas obras emergem de colaborações internacionais, contextos performativos e investigações desenvolvidas no âmbito do seu doutoramento em Média-Arte Digital, desenhando um panorama sonoro que atravessa o corpo, a máquina, o espaço e o cosmos.

YUGEN: som como dramaturgia pós-humana

Resultado de uma performance apresentada a 13 de janeiro de 2024 no Tanzhaus NRW, em Düsseldorf, YUGEN é uma obra sonora autónoma desenvolvida no contexto do projeto europeu MODINA – Movement, Digital Intelligence and Interactive Audience. A partir da colaboração com a coreógrafa Christine Bonansea Saulut e o artista de media Chris Ziegler, o álbum propõe uma investigação artística sobre a relação entre corpo, tecnologia e mediação. Recorre a tecnologias como motion capture, avatares em realidade virtual e algoritmos de escuta maquínica para explorar circuitos entre presença física e abstração digital.

Composto segundo uma metodologia de pós-techno, o álbum rompe com categorias estilísticas tradicionais e oferece uma escuta especulativa e crítica. Cada faixa funciona como uma prótese sonora, entrelaçando gestos humanos e agência algorítmica, delineando uma dramaturgia imersiva do sensorium pós-humano.

No Body Lives Here (ODO): ecossistema sonoro generativo

Lançado a 22 de julho de 2025, No Body Lives Here (ODO) apresenta-se como uma arquitetura sonora radicalmente distribuída, nascida de uma performance imersiva estreada no ZKM | Zentrum für Kunst und Medien, em Karlsruhe, em 2020. A obra explora o som como matéria viva e topologia sensível, moldada pelo movimento dos ouvintes e por um sistema de escuta não-linear, suportado por inteligência artificial, síntese granular, gravações de campo e interação por dispositivos móveis.

Inspirado na Actor-Network Theory, ODO dissolve fronteiras entre humano e máquina, propondo uma estética pós-techno expandida, onde a composição se torna ecossistema. A peça, agora disponível em formato digital, transporta para o espaço virtual uma experiência originalmente concebida para 48 altifalantes, revelando-se como um território em permanente transformação.

COSMOS: escuta entre ciência, arte e astrofísica

Encerrando este ciclo, o álbum COSMOS, lançado a 30 de julho de 2025, propõe uma escuta cosmológica onde arte, ciência e tecnologia convergem. Desenvolvido inicialmente como performance no ZKM em 2018, o projeto investiga o som como sistema especulativo e generativo, ancorado em dados astrofísicos, algoritmos e espacialidade sonora.

Com composições como Unevenness “enviada ao espaço a bordo da missão OSIRIS-REx da NASA” e outras peças baseadas na sonificação de órbitas de satélites, COSMOS apresenta o som como força gravítica e matéria espectral. Através de drones, ruído e microsonoridades, Paquete propõe uma estética que transforma dados científicos em paisagens sensoriais e gestos cosmológicos.

Com estes três lançamentos, Hugo Paquete afirma-se como uma das figuras centrais da investigação artística contemporânea, fundindo composição sonora, tecnologia interativa e pensamento especulativo numa prática onde o som se torna meio, matéria e linguagem para explorar os territórios do corpo, da rede e do universo.